CENTRO DE ENSINO E PESQUISA ALBERT EINSTEIN
São Paulo, SP
texto Isabel Duprat
Uma reunião em Boston, às vésperas do Natal de 2016, tinha como propósito apresentarmos nossa proposta inicial do projeto de paisagismo para o edifício do Centro de Ensino e Pesquisa Albert Einstein. Uma tarde fria e linda de domingo nos dava as boas-vindas à cidade. Havíamos feito nas semanas que antecederam a viagem uma imersão no projeto de arquitetura de Safdie Architects para avaliarmos como poderíamos contribuir efetivamente. O generoso espaço destinado ao projeto de paisagismo evidenciou que o processo criativo e atuação do paisagista teriam um papel fundamental e intrínseco ao projeto como um todo.
Muitos desenhos, até mesmo uma maquete de massinha verde que foi feita, sim, aquela mesma para crianças amassarem, nos ajudaram a entender de fato o espaço. Muitas vezes o desenho em 3D para nós paisagistas não é suficiente, pelo menos para mim.
Sentimos que a área de jardim prevista pela arquitetura precisava de mais solo e se esparramar mais. Propusemos então um novo espírito para o desenho deste lugar, um jardim maior e mais orgânico. Levamos na bagagem nossos estudos propondo uma importante alteração da geometria do átrio. Além do aumento da área destinada à vegetação, criamos estares e passeios de forma que este espaço fosse um “lugar”, portanto para ser vivido e usufruído e não apenas um jardim de contemplação com um anfiteatro. Concebemos o projeto com a ideia de que as áreas verdes eram remanescentes do terreno, onde árvores e palmeiras povoavam as encostas e o platô, como se o edifício tivesse sido esculpido neste solo e a vegetação que ali estava se transformasse em jardins que permeiam e envolvem os blocos da edificação, conectando interior e exterior para dar vida ao edifício.
Nos dois dias que se seguiram à apresentação, o projeto de paisagismo foi sendo assimilado. Muito trabalho em conjunto com Moshe e sua equipe, desenhos e mais desenhos, uma nova maquete de papel, tudo para que visualizassem nossa proposta e pudessem estudar as alterações da arquitetura para a adaptação ao nosso projeto. Uma boa troca e um fértil resultado. Ao final, felizes, deixamos Boston.
Mas este foi o começo de um trabalho extenso e intenso, percorrido por 5 anos e meio, até a finalização da execução, com um envolvimento muito grande do projeto de paisagismo com o projeto de arquitetura e projetistas complementares para que viabilizassem nosso projeto.
Este jardim escalonado no centro convergente do edifício sob uma enorme cúpula de vidro, sob a qual todas as atividades da escola aconteceriam, seria envolvido por todos os movimentos cíclicos da arquitetura. Com o destino de ser o âmago deste prédio, este grande jardim teria a função de abrigar confortavelmente plantas e pessoas.
A sensação que temos quando entramos numa estufa de vidro, com umidade e calor, aqui não seria bem-vinda. Equalizar os parâmetros ambientais do bem-estar de pessoas e vegetais em um ambiente fechado, apenas com luz e ventilação artificial seria a grande questão. Reproduzir elementos de nossa floresta tropical e subtropical neste tipo de estrutura mundo afora privilegia as condições de temperatura, umidade e luminosidade para as plantas. Neste caso, a coexistência com os humanos que ali estarão com o propósito de estudar medicina é o desafio.