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JARDIM DA MATA ATLÂNTICA

Paraty, RJ

A casa está em uma bela praia em um condomínio próximo à divisa entre São Paulo e Rio, já com uma atmosfera paulista, mas forte sotaque carioca. As chuvas de verão são intensas e abrasivas combinadas com altas temperaturas, enquanto no outono e inverno, mais secos, as temperaturas são mais amenas com dias de céu mais aberto. 

Estar neste lugar é usufruir um dos litorais mais bonitos do Brasil, ver e viver a areia e o mar esmeralda e se envolver com a exuberância da muito próxima e diversa mata atlântica. Estes atributos da natureza fazem com que o projeto de paisagismo aparentemente seja desnecessário, paradoxalmente, no entanto estes mesmos atributos lhe conferem importante e delicada tarefa. Ao mesmo tempo que era necessário aconchegar a casa e lhe dar privacidade, tão ou mais importante era harmonizar a casa com o entorno.  

Lidar com as altivas palmeiras imperiais que já estavam no terreno também era um tema, mas como dizia o querido arquiteto carioca Jorge Hue ao se referir a uma imposição como esta, “elas têm a virtude da existência”.  

A implantação da casa projetada por Isay Weinfeld cria situações de insolação, impacto do vento e salinidade bem diferentes nas suas faces, assim como nos inúmeros jardins internos. Esta condição gerou a seleção de plantas, que expostas a condições tão particulares deram à vegetação protagonismo absoluto, lapidado minuciosamente pelas inúmeras visitas à obra durante a construção da casa e da implantação do jardim. 

Criei com a diversidade das plantas que este microclima propicia e autoriza um passeio de pedras irregulares cheio de descobertas, de associações vegetais que se oferecem ao percorrermos os caminhos que serpenteiam o jardim. 

Na face norte da casa, mais exposta ao mar e seus ventos salinos, árvores verticais como capororocas, guanandis, embiruçus, se alternam com aroeiras, gabirobas, abricots da praia, araçás, jambos, mongubas e um belo exemplar de cajá manga, e as elegantes palmeiras carpentarias, fazendo um biombo muito bem-vindo entre a casa e área comum do condomínio. As diferentes alturas, portes e formas alternam transparências e fechamentos, deixando a boa luz iluminar os quartos, ao mesmo tempo em que mimetizam a casa com o entorno. Árvores frutíferas vão divertir também os jardins dos quartos, como pitanga, cabeludinha, araçá e romã. 

Na face sudeste, mais protegida dos ventos frente à rua e recebendo à entrada da casa, dypsis, lanceolatas, cariotas, capim bambu, helicônias, strelitzias, bastão do imperador oferecem a exuberância em todas as suas formas e cores. Todas estas plantas se esparramam pelos jardins quase privativos de cada ambiente, compartilhando suas existências com filodendrons, helicônias, zâmias, samambaias, marantas, gengibres, monsteras, megakepasmas e justicias.  

Este é um jardim para caminhar e observar toda a generosidade desta comunidade de plantas. Para observar muito e ao longo do ano, nas quatro estações. Sim, lá também as estações se manifestam: na floração, frutificação, na perda e na brotação das folhas. 

Quantas vezes exercemos e usufruímos este cerimonial de verdade? 

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Plantas original transp.png
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Área de intervenção 2.200 m²

Projeto e execução 2016 - 2019

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