CALEIDOSCÓPIO
Rio de Janeiro, RJ
texto Isabel Duprat
A bela visão do mar de Ipanema, pontuado pelas ilhas Cagarras, com todos os matizes, luzes e movimentos que o decorrer do dia e das estações nos oferecem, era o grande prêmio.
Este apartamento de cobertura era o pied a terre de um decorador nascido no Marrocos, que vivia em Paris. Um homem de grande sofisticação e de uma exuberância contagiante. Apaixonado pelo Rio de janeiro, quis ter uma morada por aqui, para ir e vir.
Ele queria seu terraço cheio de cor.
Pensei então juntar o seu gosto por orquídeas e fazer um grande mural de flores, em blocos de cor passeando como numa pintura abstrata cintilando alegria, um caleidoscópio. Não é a ideia de uma parede verde ou jardim vertical que a mim, muitas vezes, parece uma camuflagem com plantas emparedadas em lugares improváveis. A maioria das orquídeas crescem assim embrenhadas em galhos de árvores ou em pedras juntas umas das outras ou em blocos. Miltoneas, epidendruns, renantheras, catleyas, dendrobiuns, oncidiuns, phalaenopsis, fazem o espetáculo.
Sob o mural, como um receptáculo para a rega, fiz uma jardineira com renda portuguesa e philodendrons. Lambendo os ripados de madeira, a stephanotis perfumada se enche de flores brancas.
Um belo vaso de latão abriga uma solitária palmeira Weitchia.
Um lambri de madeira patinada trazendo a cor areia do sandstone que cobre o chão, revestiu as jardineiras e as paredes que envolvem a piscina. Uma escultura de Franz Weissemann pousa na água transbordante. Com o espelho trouxemos o mar para mais perto desta pequena água.
Este foi um jardim de cores e delicadezas para se apreciar de perto, em contraponto à vastidão da paisagem esparramada à frente.